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quarta-feira, 13 de junho de 2012

FERNANDO PESSOA




    Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
    Mas, quando despertei da confusão,
    Vi que esta vida aqui e este universo
    Não são mais claros do que os sonhos são

    Obscura luz paira onde estou converso
    A esta realidade da ilusão
    Se fecho os olhos, sou de novo imerso
    Naquelas sombras que há na escuridão.


    Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
    É a mesma mistura de entre-seres
    Ou na noite, ou ao dia transferida.


    Nada é real, nada em seus vãos moveres
    Pertence a uma forma definida,
    Rastro visto de coisa só ouvida.


    Fernando Pessoa, 28-9-1933.

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