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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A Canção da Saudade - Olegário Mariano





Que tarde imensa e fria!

Lá fora o vento rodopia...

Dança de folhas... Folhas, sonhos vãos,

que passam, nesta dança transitória,

deixando em nós, no fundo da memória,

o olhar de uns olhos e a carícia de umas

mãos.

Ante a moldura de um retrato antigo,

põe-se a gente a evocar coisas

emocionais.

Tolda-se o olhar, o lábio treme, a alma

se

aperta,

tudo deserto... a vide em torno tão

deserta

que vontade nos vem de sofrer mais!

Depois, há sempre um cofre e desse cofre

tiramos velhas cartas, devagar...

É a volúpia inervante de quem sofre:

ler velhas cartas e depois chorar.

Que tarde imensa e fria!

Nunca mais te verei... Nunca mais me

verás...

Lá fora o vento rodopia...

Que desejo me vem de sofrer mais!

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