Para você:
Eu queria te falar que se você entrar nessa eu entro também.
Ou já entrei, não sei. Devo ter entrado, e já devo estar com água até os
joelhos. Não tem jeito eu sou assim. Minha alma é perdida e o meu corpo é
oferecido. Eu sou oferecida. Sempre fui. De peito aberto e a carne crua para
matar a fome. Eu sou só o corpo. Um corpo inabitado e a alma rouca. Talvez um
braço estendido esperando alguém me puxar pela mão e me levar. E se você quiser
eu vou. E de olhos fechados que é pra sentir as borboletas no estomago. As tuas
(...) e agora em mim. Eu sei que não deveria estar assim. E que eu deveria
fazer alguma coisa para me parar antes. Você deveria me parar. "... porque
todos me dizem que sou demais precipitada, que coloco em palavras todo o meu
processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho
engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar,
esconder, mentir. " Ou quem sabe esperar um dia nublado pra te ligar. Te
convidar pra um café e debaixo da mesa te sussurrar essas coisas. Nem que fosse
de olhos fechados. Também não, que de olhos fechados eu esperaria um beijo
roubado. Mas é que algumas coisas ficam melhor no papel. E muitas delas
simplesmente brotam de mim. E sabe, gosto delas assim. Escapando pelos dedos.
Até mesmo essa minha covardia em forma de prosa. E um pouco de poesia que é pra
você não reparar. Eu nunca tive receio em derramar toda minha amargura e
tampouco despejar toda minha doçura. Então me leva. E me guia que eu não posso
mais ir sozinha. De uns tempos pra cá eu perdi meu senso de navegação. É
simples e previsível: sou uma pessoa solitária. E se você soltar da minha mão
tudo bem. Eu espero você voltar. E se não voltar eu fico ali até alguém me
puxar. Sempre foi assim. Eu sempre fui assim. É o meu canto, meu lago, meu
abraço. Incorrigivelmente desmedida.
Vivi
Nenhum comentário:
Postar um comentário