Nada nada nada Nada mais do que nada Porque vocês querem que exista apenas o nada Pois existe o só nada Um pára-brisa partido uma perna quebrada O nada Fisionomias massacradas Tipóias em meus amigos Portas arrombadas Abertas para o nada Um choro de criança Uma lágrima de mulher à-toa Que quer dizer nada Um quarto meio escuro Com um abajur quebrado Meninas que dançavam Que conversavam Nada Um copo de conhaque Um teatro Um precipício Talvez o precipício queira dizer nada Uma carteirinha de travel’s check Uma partida for two nada Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava Um cão rosnava na minha estrada Um papagaio falava coisas tão engraçadas Pastorinhas entraram em meu caminho Num samba morenamente cadenciado Abri o meu abraço aos amigos de sempre Poetas compareceram Alguns escritores Gente de teatro Birutas no aeroporto E nada.
Pagu
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