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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

TEMPO DE NATAL - Reginaldo Fortuna



Era Natal e a neve caía. A gente não via porque com aquele sol ela devia ter se evaporado. Mas no pinheirinho perto da janela ela se acumulava em flocos de algodão hidrófilo.

Nos lares acendiam-se as tevês e um jingle crepitava ao chocalhar das renas. O Jingle Bell ! O Jingle Bell ! Entrava Papai Noel e sorteava uma cartinha de um montão.

Na mesa a hora da consoada soava.

De repente o vexame: as neves do pinheirinho levaram uma pancada d’água mais forte do que podiam chupar e ficaram tão pesadas que podiam até quebrar um galho.

Na rua era uma graça ver os bons velhinhos correndo pra trocar seus cajados por guarda-chuvas, chapinhando nas poças que se formavam dentro das botas.

Só na televisão a chuva era horizontal e o peru, cheio da farofa, veio para o centro da mesa transformado em galinha. A dona da casa corria de um lado pro outro explicando:

— Encolheu com a chuva! Encolheu com a chuva!

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